Postado em domingo, 27 de setembro de 2009

Programas de moradia evitam risco de bolsões de pobreza

Os programas habitacionais implantados em Alfenas nos últimos cinco anos priorizam os espaços vazios na cidade evitando a formação de bolsões de pobreza.


Alessandro Emergente
Henrique Higino

 
Os programas habitacionais implantados em Alfenas nos últimos cinco anos priorizam os espaços vazios na cidade afastando a velha prática de isolamento da população carente em áreas afastadas. A nova política habitacional evita o risco de formação de “bolsões de pobreza” (grandes aglomerações populacionais carentes em areas sem infraestrutura), explicam especialistas ouvidos pela reportagem.

A nova diretriz urbanística segue uma orientação do Estatuto da Cidade, aprovado em 1991, com base na Constituição Federal de 1988 que mudou a orientação dos planos de crescimento das cidades brasileiras.

>>Veja o video com a entrevista com o sociólogo Marcelo Conceição

>> Associação de Alfenas atua em outras 8 cidades do Sul de Minas

Bairros como o Vista Grande (na década de 70) e o Pinheirinhos (década de 80) surgiram em áreas afastadas, na época, da região urbanizada. A ligação de cerca de três quilômetros entre o Vista Grande e o centro da cidade era feito uma via de terra na época, lembra o vice-prefeito Luiz Antônio da Silva (Luizinho). A partir daí outros bairros foram surgindo ocupando as áreas vazias favorecendo práticas como a especulação imobiliária.

Nos últimos anos foram construídos pequenos conjuntos habitacionais em bairros como Vista Grande (48 unidades), Jardim Primavera (54), avenida Juscelino Barbosa (30) e Jardim São Carlos (18). No Santa Clara, ao lado novo campus da Unifal, serão construídos 96 unidades e no Recreio Vale do Sol, 240 apartamentos populares já foram aprovados pela Caixa Econômica Federal.

Avanços Sociais

Na avaliação do sociólogo Marcelo Conceição, professor e coordenador do curso de Ciências Sociais da Unifal (Universidade Federal de Alfenas), há um “avanço significativo no aspecto social” quando as comunidades populares ficam integradas com a cidade.

O sociólogo Marcelo Conceição (camisa vermelha) e o urbanista Francisco Cardoso

“Isso facilita não só a vida dessas pessoas nas condições de transporte, infra-estrutura educação e saúde, mas também é melhor para administração que pode orientar melhor os seus recursos”, observa o sociólogo.

Os projetos habitacionais recentes em conjunto com a Associação Habitacional de Alfenas e Região tem como enfoque a ocupação de lotes vazios em bairros já existentes. A nova orientação aproveita a infraestrutura existente no entorno do conjunto habitacional.

Outra característica dos projetos de moradia popular é a de construção de pequenos conjuntos habitacionais em diferentes regiões da cidade. Na avaliação do urbanista Francisco José Cardoso, Mestre em Urbanismo pela PUC/Campinas, esta característica reduz a “marginalização” dos conjuntos de moradias populares.

Cardoso explica que a existência de lotes vazios em bairros urbanos força o desprendimento de recursos financeiros públicos para manutenção de áreas ociosas. “Lote vazio (na cidade) é prejuízo”, afirma o urbanista que é natural de Alfenas, mas atua como professor de arquitetura da PUC/Poços de Caldas e do curso de Ambiental na Unifal/Campus de Poços de Caldas, além da execução de projetos urbanísticos na região.

Custo Social

Luizinho diz que a construção de grandes complexos habitacionais em áreas afastadas torna a construção do projeto habitacional mais barato num primeiro momento devido ao valor do loteamento e da operacionalidade. Mas afirma que o grande ganho com as pequenas unidades na área urbana é o “custo social” a médio e longo prazo.

A proximidade com unidades educacionais e de saúde já construídas fazem com que a população do novo conjunto já disponha de acesso a estes serviços. “No máximo, a prefeitura terá que ampliar essas unidades”, argumenta.

Outro ganho são com as linhas de transporte coletivo já existente. A tendência é que com o aumento de passageiros em uma linha já existente há pressão natural para a queda no valor cobrado pelas tarifas. “Quanto mais adensada a população, menor o custo social”, cita o vice-prefeito.

Demanda Hbitacional

De acordo com os dados do município, numa metodologia diferente da utilizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o déficit habitacional na cidade aponta a necessidade de construção de unidades para 4 mil famílias. Este número é maior que o do IBGE que aponta um déficit de 1.500 unidades, segundo Luizinho.

O vice-prefeito, Luiz Antônio da Silva (Luizinho), durante em entrevista no Jardim Primavera. Em destaque, os novos projetos enviados à Caixa para análise

De acordo com o vice-prefeito, a diferença dos números ocorre porque o IBGE considera as famílias sem moradia, enquanto o município considera as que vivem em condições de moradia precária. A meta da atual administração é reduzir este déficit com a construção de 800 unidades até 2012.

A estatística da prefeitura inclui a recuperação de residências como no bairro Santos Reis. Também fazem parte a reforma de unidades na zona rural, a adaptação de 50 unidades para portadores de necessidades especiais e a reforma de residências em áreas de risco como as que ficavam ao lado do Córrego do Jardim Boa Esperança.

Para a segunda etapa de projetos, a prefeitura e a Associação Habitacional de Alfenas estão iniciando a construção de 96 unidades habitacionais no Santa Clara pelo Crédito Solidário. Os 240 apartamentos populares no Recreio Vale do Sol serão construídos pelo recém-lançado programa do governo federal, “Minha Casa, Minha Vida“.

A Caixa Econômica Federal também analisa o projeto de construção de quase 300 novas unidades habitacionais em vários bairros da cidade: Jardim Tropical (128 apartamentos), Novo Horizonte (16 apartamentos), Pôr do Sol (53 unidades térreo) e Jardim São Carlos (97 unidades térreo). Estes projetos já estavam em fase adianta pelo programa Crédito Solidário, mas com o lançamento do “Minha Casa, Minha Vida”, a prefeitura os adaptou ao novo programa e reiniciou o pedido de financiamento.



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